Você já reparou que parece que algumas pessoas têm tudo de forma mais fácil ou conseguem passar por problemas sem nenhum “arranhão” enquanto outras parecem ter uma vida acompanhada de sofrimentos? Por que isto acontece? Será injustiça divina? Fraqueza emocional?
Não sei se você já ouviu falar em resiliência.
Resiliência é a capacidade de passar por conflitos e ficar bem, sem grandes prejuízos. A pessoa passa por problemas, mas não sucumbe a eles. Algumas pessoas são naturalmente mais resilientes do que outras e, por isso, acabam sofrendo menos, não por causa de uma menor “quantidade” de sofrimentos, mas por não se debilitar tanto ao passar por eles e, assim, consegue viver bem. Pessoas que são mais sensíveis ao sofrimento e cuja capacidade de lidar com eles é menos desenvolvida e natural são mais prováveis de sofrerem mais porque “mergulham” mais a fundo naquilo que aconteceu de ruim, se concentram mais nos problemas. Portanto, uma primeira questão é esta: a diferença de atitude das pessoas com relação ao sofrimento.
Você pode pensar, então, que é injustiça algumas pessoas terem uma maior capacidade para lidar com problemas do que outras. No entanto, mesmo pessoas que não têm esta capacidade naturalmente desenvolvida, podem desenvolvê-la, colocando em prática algumas atitudes diante do sofrimento (experimentar a dor, falar sobre o que dói, se desconcentrar da dor após já ter falado sobre ela, desenvolver novas atividades e não ficar somente concentrado nos sentimentos, ter fé, ajudar alguém através da empatia, se concentrar na solução do problema, e não no problema em si). Estes são alguns fatores individuais que influenciam no sofrimento de uma pessoa.
Existem outros fatores que interferem, também, no sofrimento de uma pessoa além dos fatores individuais, que são os fatores familiares. Como a família (as pessoas que estão ao redor) lidam com o sofrimento? São empáticas ao sofrimento daquele membro da família que está sofrendo? Ajudam? Se disponibilizam a ouvi-lo a fim de que ele se alivie? Dão suporte de alguma forma? Colaboram para que aquela pessoa alimente os pensamentos negativos, compartilhando pensamentos e crenças também negativas? Se une à pessoa para encontrarem uma solução ou permite que ela viva o problema sozinha? Então, as atitudes de quem está ao redor da pessoa que está sofrendo por alguma questão, somado à forma como ela mesma é (os fatores individuais), influenciarão no alívio ou na piora do sofrimento dela.
E, fora estes fatores, está o fato em si que trouxe o sofrimento. Há perdas mais drásticas do que outras. No entanto, por mais que haja sofrimentos piores (por exemplo: morte de alguém comparado a um desemprego – as pessoas tendem a sofrer mais pela morte de alguém próximo do que a um desemprego, apesar de sofrerem, também, por causa de um desemprego), tem-se observado que não são os fatos em si que são os principais determinantes do grau de sofrimento da pessoa, e sim como a própria pessoa é e, portanto, como ela encara o problema.
Milton Andrade - Rádio Novo Tempo
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