quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Há males que vêm para o bem.

Por uma pequena vila um dia passou uma manada de cavalos a caminho da capital do reino. Um garoto encantou-se por um pequeno potro, e acabou ganhando o cavalinho de presente do cavaleiro-chefe. “Que sorte teve seu filho”, comentou um vizinho com o pai do garoto. “Pode ser sorte ou pode ser azar”, respondeu o pai. O tempo passou, e o cavalinho crescia ao lado do garoto feliz. Entretanto, um dia o cavalo fugiu.“Que azar teve seu filho”, interpretou o mesmo vizinho. “Pode ser azar ou pode ser sorte”, argumentou o pai. Alguns dias depois o potro voltou para o curral, trazendo com ele uma pequena manada de cavalos selvagens. “Que sorte teve seu filho”, insistiu o vizinho palpiteiro. Mais uma vez o pai ponderou que “pode ser sorte ou pode ser azar”.
Esta pequena fábula nos lembra que nem sempre a conseqüência dos fatos será como seu prenúncio. Uma boa notícia pode se transformar em uma má situação, e a recíproca é verdadeira, pois alguns males que acontecem em nossas vidas podem se transformar em coisas boas, melhores até do que se o mal não tivesse acontecido. Pode ser apenas coincidência, ou pode derivar da capacidade que o ser humano tem de se recuperar, reorganizar os fatos e ter, no final, um balanço positivo a partir de situações aparentemente negativas. É quando dizemos, otimistas, que há males que vêm para o bem. E o que há por trás dessa afirmação? À medida que aumenta a sofisticação do mundo, com um número multiplicado de variáveis interferindo em nossas vidas, cresce também a possibilidade de que fatos ocasionais mudem os rumos, alterem os planos e provoquem novas situações, ora melhores, ora piores do que as imaginadas originalmente. Nem sempre as coisas são como gostaríamos, nem como planejamos. É quando afirmamos que "imprevistos acontecem" e, assim, passamos a lidar com os fatos novos. Nessas horas entra em jogo a capacidade humana de transformar em ganho o que aparentemente seria uma perda. Mas será que é simples assim? Imaginemos duas situações.
A primeira: você tem um emprego em que é feliz e de repente é despedido. A sensação inicial é de desespero, ainda que controlado. A auto-estima cai a níveis baixíssimos, o mundo parece hostil e você se sente sozinho. Entretanto, uma semana depois, você é chamado para ocupar uma vaga em outro emprego, com maior salário, melhor ambiente de trabalho e ótimas perspectivas. Tudo deu certo e você – que não teria conseguido o emprego novo se não tivesse perdido o anterior – passa a repetir: "há males que vêm para o bem".
A segunda: você resolve abrir seu próprio negócio, usando sua experiência no setor, suas economias e, principalmente, seu otimismo. Mas as coisas não acontecem como planejado. Os fornecedores não são confiáveis, os empregados não se comprometem, os clientes não aparecem.O tempo passa, você tenta todas as saídas, faz propaganda, troca os empregados, consegue um empréstimo no banco para capital de giro. Mesmo assim o sufoco continua e você sente que precisaria de mais tempo para consolidar o empreendimento. Você não tem esse tempo, pois as contas estão vencendo. O final é previsível: você fecha a empresa, fica endividado, sem perspectivas e sem "amigos". E leva, a partir de então, muito tempo para se levantar na vida de novo. Mas hoje, quando se lembra do ocorrido, você considera que foi um grande aprendizado, que o fortaleceu e o tornou mais prudente e sábio, e até reconhece que foi bom ter passado por aquele sufoco.
No primeiro caso, o final feliz parece ter vindo de algo mágico, independente de sua vontade.
Já no segundo, o bem veio do inestimável aprendizado que só uma experiência ruim pode conceder. Sim, há quem diga que todos os males podem terminar por nos oferecer algo de bom, dependendo apenas da interpretação do fato, o que depende da percepção e da maturidade da pessoa.

"Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu; não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros e, entretanto, o vosso Pai Celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os incrédulos é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas". (Bíblia Sagrada, Mt.6)

Aleksandra, obrigada pela sua cooperação em nosso blog. Valeu !!!!!!

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